sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Seminário Integrador III

13/10/2007 21:11:11

No início do filme, o espectador não conhece detalhe algum do crime em julgamento. Todas as informações são passadas durante a deliberação dos jurado que, a bem da verdade, querem terminar o serviço o mais depressa possível e voltar para suas vidas. Quase todos votam, imediatamente, pela condenação. É Mr. Davis o único voto dissonante, forçando uma longa discussão. Durante os debates, o público descobre o que aconteceu na cena do crime, ao mesmo tempo em que entra em contato com a personalidade de cada integrante do júri.Mr. Davis, o oitavo jurado, vale-se do princípio da dúvida razoável: se há a menor sombra de dúvida sobre a inocência de um réu, ele deve ser absolvido. Quando lhe perguntam se ele realmente acredita na inocência do réu, Davis responde que não sabe, que talvez não acredite. Para justificar seu voto, acrescenta: \"Estamos falando da vida de alguém aqui. Não podemos decidir isso em 5 minutos. Suponha que estejamos errados?\".A partir de então, Ms. Davis, fazendo o trabalho que deveria ter sido executado pelo advogado de defesa, trabalha sobre as provas e as declarações das testemunhas, lançando dúvidas e sombras ao caso. Não há engano em seus argumentos, apenas o \"e se\": e se outra pessoa tivesse uma faca igual à usada para cometer o crime? E se a testemunha estivesse enganada? E se o réu realmente estivesse no cinema na hora do assassinato? Eis a dúvida razoável.Davis mantém-se calmo todo o tempo. Numa mesa de negociações, é imprescindível conservar a frieza, responder num tom de voz moderado e, sobretudo, ouvir os opositores. Mr. Davis faz isso, valendo-se das informações de coleta sobre cada um dos outros 11 jurados para levá-los à reflexão. Pouco a pouco, confronta as idéias, evidencia os valores e desnuda os preconceitos de seus opositores, enquanto fortalece sua argumentação. As péssimas condições da sala de júri contribuem para irritar os jurados e movê-los pelo caminho inicialmente mais simples, como fariam negociadores em situações físicas adversas.Os closes são fartamente explorados, concentrando-se nos olhares de cada jurado, quase entrando em seus pensamentos. O filme privilegia a conversa em detrimento da ação, e traz uma continuidade tão impressionante que parece filmado numa única seqüência. Senti-me quase dentro da sufocante sala do júri.Esse é um dos melhores filmes de tribunal que já vi.O Henry Fonda não acredita nem da inocência nem na culpa do réu. Ele apenas apresenta suas dúvidas, como qualquer um pensaria se não houvesse outros fatores em jogo…É um filme que gostei muito pois esse papel é parecido com o que os cientistas fazem (ou deveriam fazer): apresentar dúvidas enquanto não há a devida apresentação da evidência.Esse filme é um bom exemplo de como os enganos podem levar a conclusões erradas sobre um determinado assunto.

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