História narrada por uma menina de 5 anos que freqüenta uma Escola de Educação Infantil.
O Patinho Feio
Uma vez a mamãe dele colocou muitos ovinhos, mas um não abriu, mas quando abriu o patinho era feinho!!!!!! Os irmãozinhos dele gostavam dele, eles eram amiguinhos. Os bichinhos acharam ele feio e a mamãe dele ficava braba, muito braba, por que o filhinho era bonitinho. Ela foi no lago e ensinou os filhinhos a nadar e eles ficavam muito felizes. “Lá na chácara do meu pai também tem patinhos, são bonitinhos” O patinho foi ficando bem grande e aí, ficou muuuuuito bonito, virou um.... (Ela me perguntou: -como é que ele ficou mesmo? Eu respondi: -Seria um cisne?) Então ela continuou: Nossa, virou um cisnão bem grandão e aí todo mundo gostou muito dele e a mamãe ficou muito feliz!
Análise da narrativa
A partir da narração feita por esta menina, ficou claro que para ela, esta história infantil lhe marcou, me disse que foi a sua mãe que havia lhe contado. Quando lhe perguntei se sabia contar outra história, ela me disse que sim, mas que gostava mesmo era desta, tanto foi, que imediatamente após eu lhe pedir que contasse uma história, ela praticamente nem pensou e saiu contando esta.
À medida que ia narrando à história, percebi que era como se estivesse vivendo a mesma, pois fazia muitos gestos e expressões faciais para a descrever. Mostrou-se muito satisfeita quando fez a narrativa do momento em que o patinho havia se tornado cisne.
A criança nesta fase tende a misturar ficção com realidade, com fatos vivenciados por ela. As crianças têm uma imaginação muito fértil e seus pais não devem preocupar-se com estas imaginações criadas pelas crianças, muito menos imaginar que estão mentindo, pois esta é uma fase que ela precisa passar e ir desenvolvendo sua linguagem. Crianças nesta fase adoram e precisam ouvir e contar histórias. A fantasia e a imaginação se fazem muito presentes em suas narrativas. O desenvolvimento da imaginação associa-se diretamente à aquisição da linguagem, que possibilita à criança imaginar um objeto que ela nunca viu antes, ou seja, a criança aprende a separar-se da ação real através de outra ação, desenvolvendo a vontade, a capacidade de fazer escolhas conscientes e operar com situações que levam ao pensamento abstrato. A ação na esfera imaginativa, numa situação de faz-de-conta, permite a criação da intenção voluntária, de planos de vida real e do que se quer ou se quer ser. Estas são marcas infantis e fazem parte da evolução cognitiva.
O contato com o lúdico, com o jogo, com o faz-de-conta, ultrapassa a idéia de diversão e entretenimento e revela sua importância no desenvolvimento do pensar da criança.
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Um comentário:
Olá, Eliete!
Bem interessante este relato. Com certeza, tua empatia e sensibilidade foram essenciais neste momento, pois compreendeste a aluna percebendo que ela estava se identificando com a história. Estas qualidades são além da teoria e nem todos profissionais possuem.
Abraço, Anice.
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