sábado, 19 de setembro de 2009

Letramento social X Letramento escolar

Reflexões a partir do texto: “Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola” (KLEIMAN, 2006).

Letramento social X Letramento escolar

Por que a autora afirma que a escola, sendo a mais importante agência de letramento, não se preocupa com o letramento social e sim apenas com um tipo de letramento, o escolar?

Ângela B. Kleiman (2006), afirma que a escola, sendo a mais importante agencia de letramento, não se preocupa com o letramento social e sim com um tipo de letramento, o escolar, porque a ela foi concebido historicamente este papel, o de direcionar seu trabalho unicamente para o processo de aquisição de códigos (alfabético, numérico) o que foi por muito tempo, suficiente para diferenciar o alfabetizado do analfabeto. Cabe ressaltar que são sobre estas competências, que até hoje se avalia o sucesso ou o fracasso do aluno na escola, associando a aquisição da escrita ao desenvolvimento cognitivo.Os estudos da autora revelam que o modelo que determina as práticas escolares é o modelo autônomo de letramento, que considera a aquisição da escrita como um processo neutro que, deve promover atividades necessárias para desenvolver no aluno, a capacidade de interpretar e escrever e, neste sentido adverte: “os correlatos cognitivos da aquisição da escrita na escola devem ser entendidos em relação às estruturas culturais e de poder que o contexto de aquisição da escrita na escola representa.” (2006, p. 39)Podemos observar que existem inúmeras práticas sociais onde vários agentes mediadores transmitem saberes e características próprias de uma cultura. A TV, a igreja, o local de trabalho, a família dentre outros, são agentes com muita influencia no aprendizado e letramento dos indivíduos. Assim, não somente o professor, nem só a escola, embora estes sejam agentes privilegiados pela sistemática planejada e intencionalidade assumida, são praticas de aprendizagem e letramento.
Para Street, o que cada sociedade considera como práticas particulares de letramento e quais os conceitos de leitura e escrita utilizados nessas práticas dependem do contexto (1984, p.01). Nesse sentido, pesquisas sobre letramento na escola devem considerar as especificidades dos usos da leitura e da escrita nesse contexto, influenciados pelas marcas da cultura escolar. A sala de aula, espaço de circulação e de construção de práticas de letramento, deve ser compreendida no sentido atribuído por Collins & Green (1992): um espaço “culturalmente constituído”, através dos padrões e práticas construídas pelos sujeitos participantes do processo interacional para que assim seja possível alfabetizar letrando.

Paulo Freire:
"O ato de ler e escrever deve começar a partir de uma compreensão muito abrangente do ato de ler o mundo, coisa que os seres humanos fazem antes de ler a palavra. Até mesmo historicamente, os seres humanos primeiro mudaram o mundo, depois revelaram o mundo e a seguir escreveram as palavras".
Ler e escrever são atividades altamente complexas que envolvem o conhecimento de linguagens sociais (cf. BAKHTIN, 1998, p.154-155) que historicamente e culturalmente foram se organizando oralmente e por escrito, por meio de recursos expressivos, como modos de dizer os conhecimentos das diferentes esferas sociais criadas pelo homem. As linguagens sociais apresentam os conhecimentos das esferas de conhecimento com sintaxes e repertórios lexicais que as caracterizam, associadas a gêneros do discurso que foram se elaborando para dar conta das necessidades humanas nas situações sociais.
É fundamental compreender que, na formação de cada cidadão bem como de um povo, a leitura é de máxima importância, representando um papel essencial, pois se revela como uma das vias no processo de construção do conhecimento, como fonte de informação e formação cultural.

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Olá, Eliete! Postaste algo realmente interessante. Colocas as visões dos autores a respeito. Mas e o teu posicionamento? Concordas com quem, de que forma, pensas em modificar algo em tua prática? Abraço, Anice!